Entre os «Doutores da Igreja», Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais.
Na Carta Apostólica que escrevi para esta ocasião, ressaltei alguns aspectos salientes da sua doutrina. Mas como não evocar aqui o que se pode considerar o ápice, a partir da narração da descoberta surpreendente que ela fez da sua particular vocação na Igreja «A caridade — escreve ela — ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações... Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor!» (Manuscritos autobiográficos). Eis uma página admirável que, por si só, é suficiente para mostrar que se pode aplicar a Santa Teresa a passagem do Evangelho que ouvimos na liturgia da Palavra: «Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos » (Mt 11, 25)
Teresa de Lisieux não só compreendeu e descreveu a profunda verdade do Amor como o centro e o coração da Igreja, mas viveu-a com intensidade na sua breve existência. É justamente esta convergência entre a doutrina e a experiência concreta, entre a verdade e a vida, entre o ensinamento e a prática, que resplandece com uma particular clareza nesta Santa, e que a torna um modelo atraente de forma especial para os jovens e para aqueles que estão em busca do verdadeiro sentido a dar à própria vida.
(João Paulo II, 19/10/1997)