A perfeição consiste em fazer sua vontade, em ser aquilo que Ele quer que sejamos...

Jesus quis instruir-me a respeito deste mistério. 


Pôs diante dos meus olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores por ele criadas são belas, e que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não tiram o perfume da humilde violeta nem a simplicidade encantadora da margarida... Compreendi que se todas as flores quisessem ser rosas, a natureza perderia sua pompa primaveril e os campos já não seriam salpicados de florzinhas...

O mesmo ocorre no mundo das almas, o jardim de Jesus. Ele quis criar grandes santos, que podem ser comparados aos lírios e às rosas; mas criou também outros menores, e estes devem se conformar em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar os olhos de Deus quando contempla seus pés. 

A perfeição consiste em fazer sua vontade, em ser aquilo que Ele quer que sejamos...

Frase: faz parte dos escritos de Santa Teresinha. 
Imagem: Criada pelos organizadores do site: www.facebook.com/SantaTeresinhadoMeninoJesus

Como é grande o poder da oração!

Como é grande o poder da oração! Dir-se-ia uma Rainha que a cada instante tem livre acesso ao Rei, e pode alcançar tudo quanto pede. Para ser atendida, não precisa ler do livro um bonito formulário, redigido de circunstância. Se assim fora, ai de mim! Como teria de lastimar-me!... 


Executado o Ofício Divino, que sou muito indigna de recitar, não tenho ânimo de me sujeitar a procurar nos livros belas orações. Isso me cansa a cabeça, pois são tantas!... e cada uma mais bonita do que a outra... Não poderia recitá-las todas, e, não sabendo qual delas escolher, faço como crianças que não sabem ler. Digo muito simplesmente ao Bom Deus o que lhe quero dizer, sem usar belas frases, e ele sempre me entende...


Frase: faz parte dos escritos de Santa Teresinha. 
Imagem: Criada pelos organizadores do site: www.facebook.com/SantaTeresinhadoMeninoJesus

Teresa de Lisieux (Site Wikipedia)

Teresa e seu pai. Foi ele quem a chamou de
 "pequena flor" ao incentivar sua entrada 
no Carmelo com apenas 15 anos.
Estátua em Les Buissonnets.
Transcrevemos abaixo os links para acesso à informações sobre Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, a partir do site Wikipédia.

Relíquias de Santa Teresa de Lisieux e de seus pais expostas em Roma


Roma (RV) - As Urnas contendo as relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus e de seus Beatos pais serão expostas para veneração dos fieis na Capela da Virgem Salus Populi Romani na Basílica de Santa Maria Maior, de 4 a 25 de outubro de 2015, durante o Sínodo Ordinário dos Bispos dedicado à família.

Os cônjuges Louis Martin e Zélie Guérin serão canonizados em 18 de outubro pelo Papa Francisco na Praça São Pedro. Trata-se do primeiro casal não-mártir na história da Igreja que será elevado à honra dos altares na mesma cerimônia, o que adquire maior relevância por realizar-se, por decisão do Pontífice, justamente durante o Sínodo sobre as famílias.

“Louis e Zélie demonstraram com as suas vidas que o amor conjugal é um instrumento de santidade, é um caminho em direção à santidade realizado junto por duas pessoas – declarou o Vice Postulador da Causa de Canonização, o Padre carmelita Antonio Sangalli. Isto é hoje, na minha opinião, o elemento mais importante para analisar a família. Existe uma necessidade enorme de uma espiritualidade simples realizada na vida cotidiana”.

Também a exposição das relíquias na Santa Maria Maior assume um significado particular, por ser justamente diante da Virgem Salus Populi Romani que o Papa Francisco pediu para rezar pelos frutos dos trabalhos sinodais e por todas as famílias do mundo.

As relíquias poderão ser veneradas durante o horário normal de abertura da Basílica, ou seja, diariamente das 7 às 19 horas.

Por outro lado, a filha do casal, a Serva de Deus Irmã Francisca Teresa (Leonia Martin), irmã da Santa de Lisieux, teve aberta a causa de canonização em 2 de julho passado em Caen, na França. (JE)

Para acessar o artigo direto do site do Vaticano, clique aqui.

A Santa do Sorriso e do Amor

Santa Teresinha aos 13 anos.
A “santa do sorriso”, que “se havia oferecido ao Menino Jesus para ser seu brinquedo, uma bolinha de nenhum valor, que pudesse ser jogada ao chão, empurrada com o pé, deixada a um canto”, foi tomada ao pé da letra. E não teríamos jamais sabido quantos sofrimentos se esconderam por trás daquela calma e composta tristeza se ela mesma, por obediência, não tivesse confiado a seus cadernos aquela incomparável "História de uma alma", que desvelou essa extraordinária força interior.

Marie Françoise Thérèse Martin, jovem de transparente beleza, órfã de mãe aos 4 anos, criada em Lisieux, ao lado de um pai afetuoso e bom, aos 15 anos pôde ingressar, graças a um indulto especial, no Carmelo de Lisieux, onde já duas irmãs a haviam precedido e a terceira haveria de segui-las.

Percorreu a grandes passos o caminho rumo à santidade, “lançando a Jesus as flores dos pequenos sacrifícios”, que não eram pequenos, como não foi fácil a ascese sob o signo da “infância espiritual” — ditada não pela tendência toda feminina de fazer uso de diminutivos e de palavras carinhosas, mas por uma autêntica e robusta espiritualidade, em sintonia com a advertência evangélica de “tornar-se pequenos como as crianças”.

Nos nove anos de vida claustral, Teresa deixou uma marca profunda, oferecendo ao mundo cristão a surpreendente imagem de uma jovem freira que, embora relegada à estrita clausura do Carmelo, viveu imersa na vida eclesial. Isso a ponto de, em 1927, dois anos depois da canonização, ser proclamada padroeira das Missões, junto com são Francisco Xavier, e, em 1944, copadroeira da França ao lado da guerreira santa Joana d’Arc.

Pio X não hesitou em defini-la “a maior santa dos tempos modernos”. Em 19 de outubro de 1997, João Paulo II declarou-a Doutora da Igreja, a terceira mulher a receber esta homenagem, depois de Catarina de Sena e Teresa de Ávila.

Teresa de Lisieux queria ser tudo: guerreira, missionária, apóstolo. Depois teve a intuição: o amor! “No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor.”

Fonte: Portal Paulinas.
Para ler o artigo direto do site de origem, clique aqui.

Santa Teresinha seu amor por Jesus Crucificado.

Santa Teresinha aos pés de Jesus: imagem de
um dos vitrais do Santuário de Santa Teresinha
do Menino Jesus - Curitiba/PR.
Esta bela imagem de Santa Teresinha aos pés de Cruz faz parte do conjunto de vitrais do Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus, localizado em Curitiba/Paraná e ilustra bem duas características fundamentais na vida e na obra de Santa Teresinha: seu amor por Jesus Crucificado e o sentido da devoção das "rosas de Santa de Teresinha".

Citamos neste breve artigo alguns pensamentos para refletirmos sobre estas características. 

"A minha vocação é o Amor".

«A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações... Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor!» (Manuscritos autobiográficos).

"O amor não pode ser apenas por palavras".
"Este ano, Madre querida, Deus deu-me a graça de compreender o que é a caridade. Compreendia antes, mas de maneira imperfeita, não tinha aprofundado esta palavra de Jesus: "O segundo [mandamento] é semelhante a este: "Ama o teu próximo como a ti mesmo". Dedicava-me, sobretudo, a amar a Deus e foi amando-o que compreendi que não devia deixar que meu amor se traduzisse apenas em palavras, pois: "Nem todo o que me diz: `Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". Essa vontade, Jesus a deu a conhecer muitas vezes, deveria dizer quase a cada página do seu Evangelho; mas na última ceia, quando sabe que o coração dos seus discípulos arde de maior amor por Ele que acaba de dar-se a eles no inefável mistério da sua Eucaristia, esse doce Salvador quer dar-lhes um novo mandamento. Diz-lhes com indizível ternura: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; que, assim como eu vos amei, vós também vos ameis uns aos outros. E nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros".
"Não posso descansar enquanto houver almas para salvar".

"Quero passar o meu Céu a fazer bem à terra. Não posso descansar enquanto houver almas para salvar. Deus não me daria este desejo de fazer o bem sobre a terra depois da minha morte, se não quisesse realizá-lo".

O que podemos aprender com a imagem de Santa Teresinha aos pés de Jesus?

Muito. Mas, no contexto desta reflexão, podemos intuir alguns ensinamentos:

  • O que levou Santa Teresinha a aceitar a missão de interceder pelas pessoas é o seu amor a elas, decorrente de seu amor por Jesus.
  • Passar o seu céu fazendo o bem à terra resume a missão de Santa Teresinha nos dias de hoje, após sua morte: ela continua entre nós! Intercedendo por nós!
  • Foi aos pés de Jesus Crucificado e no seu encontro com Jesus Eucarístico que Santa Teresinha encontrou a "fonte" de todas as graças que conseguia para as pessoas pelas quais intercedia. E isso continua sendo assim! A devoção das rosas mostra isso claramente: ele consegue as bençãos (simbolizada nas rosas) aos pés de Jesus, seu Amado e Deus Misericordioso.


Santa Teresinha do Menino Jesus, intercessora dos missionários

Santa Teresinha do Menino JesusTodos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus pela salvação das almas e na intenção da Igreja
“Não quero ser santa pela metade, escolho tudo”.
A santa de hoje nasceu (01 de outubro) em Alençon (França) em 1873 e morreu no ano de 1897. Santa Teresinha não só descobriu que no coração da Igreja sua vocação era o amor, como também sabia que o seu coração – e o de todos nós – foi feito para amar. Nascida de família modesta e temente a Deus, seus pais (Luís e Zélia) tiveram oito filhos antes da caçula Teresa: quatro morreram com pouca idade, restando em vida as quatro irmãs da santa (Maria, Paulina, Leônia e Celina). Teresinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas em Lisieux, com a autorização do Papa Leão XIII. Sua vida se passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus.
Todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus pela salvação das almas e na intenção da Igreja. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face esteve como criança para o Pai, livre, igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus e, tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou um lindo e possível caminho de santidade: infância espiritual.
O mais profundo desejo do coração de Teresinha era ter sido missionária “desde a criação do mundo até a consumação dos séculos”. Sua vida nos deixou como proposta, selada na autobiografia “História de uma alma” e, como intercessora dos missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam a Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra.
Morreu de tuberculose, com apenas 24 anos, no dia 30 de setembro de 1897 dizendo suas últimas palavras: “Oh!…amo-O. Deus meu,…amo-Vos!”
Após sua morte, aconteceu a publicação de seus escritos. A chuva de rosas, de milagres e de graças de todo o gênero. A beatificação em 1923, a canonização em 1925 e declarada “Patrona Universal das Missões Católicas” em 1927, atos do Papa Pio XI. E a 19 de outubro de 1997, o Papa João Paulo II proclamou Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face doutora da Igreja.
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova.

O meu caminho é todo de confiança e de amor.


Ensinamentos de Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Face


Sei que é preciso ser muito puro para aparecer diante de Deus de toda a Santidade, mas também sei que o Senhor é infinitamente justo e esta justiça que assusta tantas almas é a razão da minha alegria e confiança. Ser justo, não é somente exercer a severidade para castigar os culpados, é também reconhecer as intenções rectas e recompensar a virtude. Espero tanto da justiça de Deus como da sua misericórdia. É porque é justo que «Ele é compassivo e cheio de doçura, lento para a ira e cheio de misericórdia. Porque conhece a nossa fragilidade, lembra-Se de que não somos senão barro. Como um pai sente ternura pelos filhos, assim o Senhor tem compaixão de nós» [...]

Aqui tendes, meu Irmão, o que penso sobre a justiça de Deus, o meu caminho é todo de confiança e de amor, não compreendo as almas que têm medo de um Amigo tão terno. Às vezes quando leio certos tratados espirituais em que a perfeição é apresentada através de inúmeras dificuldades, rodeada por uma quantidade de ilusões, a minha pobre inteligência cansa-se muito depressa, fecho o sábio livro que me quebra a cabeça e me seca o coração e pego na Sagrada Escritura. Então tudo me parece luminoso, uma só palavra revela à minha alma horizontes infinitos, a perfeição parece-me fácil, vejo que basta reconhecer o próprio nada e abandonar-se como uma criança nos braços de Deus.

Deixando às almas grandes, às grandes inteligências, os belos livros que não posso compreender, e ainda menos pôr em prática, regozijo-me por ser pequenina visto que só as crianças e os que se assemelharem a elas serão admitidas ao banquete celestial. Sinto-me muito feliz por haver várias moradas no reino de Deus, porque se houvesse apenas aquela cuja descrição e caminho me parecem incompreensíveis, não poderia lá entrar.

(Carta 226, de 9.V.1897, ao P. Roulland)

Fonte:  http://www.carmelitas.pt/teresinha/rosas.html

Apenas quero que sejamos todos reunidos no vosso belo Céu.

Eis, Senhor, o que queria repetir para vós antes de voar para os vossos braços. Talvez seja temeridade. Mas há algum tempo permitis que seja audaciosa convosco.

Como o pai do filho pródigo, falando para seu filho primogênito, dissestes-me: "Tudo o que é meu é teu". Portanto, vossas palavras são minhas e posso servir-me delas para atrair sobre as almas, que me são unidas, os favores do Pai celeste.

Mas, Senhor, quando digo que onde eu estiver desejo que os que me destes também estejam, não pretendo que não possam alcançar uma glória muito mais elevada que aquela que vos agradar me conceder. Apenas quero que sejamos todos reunidos no vosso belo Céu.

O Pequeno Passarinho

O Pequeno Passarinho


O passarinho quereria voar para o Sol brilhante que lhe fascina o olhar; quereria imitar as Águias, suas irmãs, que vê elevarem-se até ao fogo divino da Santíssima Trindade... Pobre dele! tudo quanto pode fazer é agitar as suas pequenas asas; mas levantar voo, isso não está no seu pequeno poder! Que será dele? Morrerá de desgosto, ao ver-se impotente?... Oh, não! o passarinho nem sequer se vai afligir. Com um audacioso abandono, quer ficar a fixar o seu divino Sol. Nada seria capaz de o assustar, nem o vento nem a chuva; e se nuvens sombrias chegam a esconder o Astro do Amor, o passarinho não muda de lugar, pois sabe que para além das nuvens o seu Sol brilha sempre, e que o seu brilho não se poderia eclipsar nem por um instante sequer.


É verdade que às vezes o coração do passarinho se vê acometido pela tempestade; parece-lhe não acreditar que existe outra coisa, a não ser as nuvens que o envolvem. É então o momento da alegria perfeita para a pobre e débil criaturinha. Que felicidade para ela, permanecer ali, apesar de tudo, e fixar a luz invisível que se esconde à sua fé!!!...


Jesus, até agora compreendo o teu amor para com o passarinho pois ele não se afasta de Ti. Mas eu sei, e Tu também o sabes, muitas vezes a imperfeita criaturinha, ficando embora no seu lugar (isto é, sob os raios do Sol), deixa‑se distrair um pouco da sua única ocupação; apanha um grãozito à direita e à esquerda, corre atrás de um vermezito... Depois, encontrando uma pocita de água, molha as penas ainda mal formadas; quando vê uma flor que lhe agrada o seu espírito entretém-se com essa flor... Enfim! não podendo pairar como as Águias, o pobre passarinho entretém-se ainda com as bagatelas da terra. Não obstante, depois de todas as suas travessuras, em vez de se ir esconder num canto para chorar a sua miséria e morrer de arrependimento, o passarinho volta-se para o seu Bem‑amado Sol, expõe as asitas molhadas aos seus raios benfazejos, geme como a andorinha e, no seu doce cantar, confia, conta em pormenor as suas infidelidades, pensando, no seu temerário abandono, conseguir assim maior influência e atrair mais plenamente o amor d’Aquele que não veio chamar os justos mas os pecadores... Se o Astro Adorado continuar surdo ao chilrear plangente da sua criaturinha, se permanecer velado..., pois bem: a criaturinha continua molhada, aceita ficar transida de frio, e ainda se alegra com esse sofrimento que, aliás, mereceu...


Ó Jesus! como o teu passarinho está contente por ser débil e pequeno. Que seria dele se fosse grande?... Nunca teria a audácia de aparecer na tua presença, de dormitar diante de Ti... Sim, aí está mais uma fraqueza do passarinho: quando quer fixar o Divino Sol, e as nuvens o impedem de ver um único raio, contra sua vontade os seus olhitos fecham-se, a sua cabecinha esconde-se debaixo da asita, e a pobre criaturinha adormece, julgando fixar ainda o seu Astro Querido. Ao acordar, não fica desolado, o seu coraçãozinho fica em paz, e recomeça o seu ofício de amor. Invoca os Anjos e os Santos que se elevam como Águias em direcção ao Fogo devorador, objecto do seu desejo.


E as Águias, compadecendo-se do seu irmãozinho, protegem-no, defendem-no, e põem em fuga os abutres que o queriam devorar. Os abutres, imagem do demónio, o passarinho não os teme, pois não está destinado a ser presa deles, mas da Águia que contempla no centro do Sol do Amor.


Por tanto tempo quanto quiseres, ó meu Bem-amado, o teu passarinho ficará sem forças e sem asas; permanecerá sempre com os olhos fixos em Ti. Quer ser fascinado pelo teu divino olhar, quer tornar‑se a presa do teu Amor... Um dia, assim o espero, Águia adorada, virás buscar o teu passarinho e, subindo com ele para o Fogo do Amor, mergulhá‑lo‑ás eternamente no ardente Abismo desse Amor, ao qual se ofereceu como vítima...


(História de uma Alma, Ms B 5rº-vº)

A minha vocação é o amor!

A minha vocação é o amor!

Entre os «Doutores da Igreja», Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais.
Na Carta Apostólica que escrevi para esta ocasião, ressaltei alguns aspectos salientes da sua doutrina. Mas como não evocar aqui o que se pode considerar o ápice, a partir da narração da descoberta surpreendente que ela fez da sua particular vocação na Igreja «A caridade — escreve ela — ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações... Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor!» (Manuscritos autobiográficos). Eis uma página admirável que, por si só, é suficiente para mostrar que se pode aplicar a Santa Teresa a passagem do Evangelho que ouvimos na liturgia da Palavra: «Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos » (Mt 11, 25)
Teresa de Lisieux não só compreendeu e descreveu a profunda verdade do Amor como o centro e o coração da Igreja, mas viveu-a com intensidade na sua breve existência. É justamente esta convergência entre a doutrina e a experiência concreta, entre a verdade e a vida, entre o ensinamento e a prática, que resplandece com uma particular clareza nesta Santa, e que a torna um modelo atraente de forma especial para os jovens e para aqueles que estão em busca do verdadeiro sentido a dar à própria vida.
(João Paulo II, 19/10/1997)

O ascensor que me há-de elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus!

Ensinamentos de Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Face

Estamos num século de invenções.

Agora já não se tem a maçada de subir os degraus de uma escada; em casa dos ricos o ascensor substitui-a vantajosamente. Eu queria também encontrar um ascensor que me elevasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a rude escada da perfeição. Então, procurei nos Livros Sagrados a indicação do ascensor — objecto do meu desejo —, e li as estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna: Se alguém for pequenino, venha a mim.

Então, aproximei-me, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e querendo saber, ó meu Deus!, o que faríeis ao pequenino que respondesse ao vosso apelo. Continuei as minhas buscas, e eis o que encontrei: — Como uma mãe acaricia o seu filho, assim eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus joelhos! Ah!, nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma.

O ascensor que me há-de elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena. Ó meu Deus! excedestes a minha esperança, e eu quero cantar as vossas misericórdias.

(História de uma Alma, Ms C 3rº)

Fonte:  http://www.carmelitas.pt/teresinha/rosas.html

Uma refeição espiritual composta de caridade amável e alegre

Que banquete poderia uma carmelita oferecer às suas irmãs, a não ser uma refeição espiritual composta de caridade amável e alegre?

Pessoalmente, não conheço outro e quero imitar são Paulo, que se alegrava com quem estava alegre. Verdade que também chorava com os aflitos e as lágrimas devem aparecer, às vezes, no banquete que quero servir, mas sempre procurarei que essas lágrimas se transformem, no final, em alegria; pois o Senhor ama quem dá com alegria.

A pequena via (Artigo da Regista 30 Giorni)

A pequena via

Há dez anos o Papa João Paulo II proclamava Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face doutora da Igreja

No domingo 19 de outubro de 1997, o papa João Paulo II – meses depois do anúncio que fizera em 27 de agosto, em Paris, durante a 12ª Jornada Mundial da Juventude – proclamava Santa Teresa de Lisieux (que nascera em Alençon a 2 de janeiro de 1873 e morrera em Lisieux, com apenas vinte e quatro anos, a 30 de setembro de 1897) doutora da Igreja universal. Com esse título, explicava o Papa naquela ocasião, “o magistério tem em vista indicar a todos os fiéis, e de modo especial a quantos na Igreja prestam o fundamental serviço da pregação ou exercem a delicada tarefa da investigação e do ensino teológico, que a doutrina professada e proclamada por uma determinada pessoa pode ser um ponto de referência, não só porque está em conformidade com a verdade revelada, mas também porque traz nova luz acerca dos mistérios da fé, uma compreensão mais profunda do mistério de Cristo”.
“Entre os ‘doutores da Igreja’, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face é a mais jovem”, disse ainda o Papa. Num total de trinta e três doutores, Teresa de Lisieux é a terceira mulher a quem foi concedido esse título depois que Paulo VI, em 1970, proclamou doutoras da Igreja Santa Teresa d’Ávila (Ávila, 28 de março de 1515 – Alba de Tormes, 4 de outubro de 1582) e Santa Catarina de Sena (Sena, 25 de março de 1347 – Roma, 29 de abril de 1380).

Nos vinte e sete anos de seu pontificado, João Paulo II proclamou apenas um doutor da Igreja, Teresa de Lisieux.

Dez anos depois daquele ato de magistério do Papa João Paulo II, publicamos nestas páginas um capítulo de uma coletânea de escritos de Céline Martin (1869-1959), uma das quatro irmãs de Santa Teresinha. Céline, que entrou no Carmelo de Lisieux em 1894 assumindo o nome de irmã Genoveva da Sagrada Face, cuidou pessoalmente, em 1951, da sistematização de suas anotações, provenientes de seu diário pessoal – redigido em parte enquanto Teresa ainda vivia – e de seus depoimentos preparados para os processos de beatificação e canonização. O capítulo que publicamos intitula-se “Espírito de infância” e é extraído dos livros Consigli e ricordi (Città Nuova, Roma 1973, pp.47-59); e Conselhos e lembranças, São Paulo, Paulus, 2006, pp. 41-49).
Santa Teresa do Menino Jesus

Conselhos e lembranças de Céline Martin, uma das quatro irmãs de Santa Teresinha

No processo, quando o promotor da fé me perguntou por que eu desejava a beatificação de irmã Teresa do Menino Jesus, eu lhe respondi que era apenas para que a “pequena via” se tornasse conhecida. Era assim que ela chamava sua espiritualidade, isto é, seus meios de ir a Deus.

Ele replicou: “Se a senhora fala de ‘via’, a causa inevitavelmente fracassará, como já aconteceu em diversas circunstâncias como esta”.

“Isto não me importa”, respondi; “o medo de perder a causa de irmã Teresa certamente não me impedirá de valorizar o único ponto que me interessa: fazer que, de certa forma, canonizem a ‘pequena via’”.

Mantive-me firme e a causa não naufragou. Por isso, fiquei mais alegre ao ouvir Bento XV exaltar em seu discurso a “infância espiritual” do que durante a beatificação e a canonização de nossa santa. Minha finalidade havia sido alcançada naquele dia, 14 de agosto de 1921.


Súplica a Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha - Súplica

(Pe. Reginaldo Manzotti)

Minha santa Teresinha do Menino Jesus, que prometestes enviar uma chuva de rosas sobre o mundo, peço-vos: realizai em minha vida vossa consoladora promessa. Preciso de uma chuva de graças, que lave minha alma nas águas das bênçãos do Pai. Intercedei por mim, junto ao vosso Bem-amado Jesus. Acompanhai-me com vossas orações, aumentai minha confiança na misericórdia divina. Desejo andar a passos largos no Pequeno Caminho que trilhastes, - caminho todo feito de dependência e entrega aos desígnios amorosos de Deus. Alcançai-me a graça de não duvidar do amor que Jesus tem por mim. Ajudai-me a crer diariamente no amparo de Deus sobre minha vida quando estou aflito (a), quando estou ansioso (a), quando estou enfermo (a), quando me sinto fraco (a) e desencorajado (a) para orar, trabalhar e amar. Concedei-me, da parte de Jesus, o dom da alegria, a capacidade de sorrir e crer, mesmo quando houver escuridão dentro de mim. Fizestes do Amor o objetivo e sentido de vossa breve vida. Enfrentaste com um sorriso todas as provações e nada negaste ao Bom Deus. Que Jesus, vosso amado esposo, Caminho, Verdade e Vida esteja sempre comigo e com as pessoas que amo. Atendei-me nesta graça que com insistência vos peço (neste momento deve-se fazer o pedido) . 

(Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai)


Uma gotinha de água no ocenao imenso.

Santa Terezinha do Menino Jesus dizia: "Os nosso pecados por mais feios e numerosos que sejam, desaparecem diante da bondade de Deus, como uma gotinha de água no oceano imenso." O Pai do céu nos ama tanto que nos quer sempre perto dele.

Como Teresinha, sejamos o brinquedo do Menino Jesus...

Como Teresinha, sejamos o brinquedo do Menino Jesus...
Irmã Maria Elizabeth da Trindade, ocd

Ao aproximar-se o tempo do Natal percebemos que uma onda de ternura começa a perpassar a mente e o coração dos cristãos, especialmente daqueles que procuram levar sua vida espiritual mais a sério. Para os que estão engolfados apenas na realidade transitória da vida, pensando apenas no prazer, no ter e no parecer, talvez não parem para pensar no verdadeiro sentido do Natal e fiquem somente ocupados com a ceia, os presentes, a festa, a bebida, etc. Mas a onda de ternura existe e contagia os corações dos que crêem em Deus, pois podem mergulhar, com a fantasia e a meditação, no mistério de um Deus que deixa o céu e vem se fazer uma criança entre nós. A arte em todos os séculos e em suas diversas manifestações tem ilustrado esta realidade nos oferecendo presépios para todos os gostos e idades. A atenção da humanidade passa a se concentrar em uma criança – e que criança – e nela, singela e frágil, vê Aquele que sustenta o universo com seu poder e força.

Santa Teresinha do Menino Jesus foi alguém que mergulhou neste mistério e hauriu dele muito de sua espiritualidade. Seu próprio nome traz a memória do Natal e em sua doutrina da infância espiritual podemos ver muitos frutos da meditação deste mistério da vida de Jesus. Ao falar com sua Madre Priora sobre seu “pequeno caminho” para a santidade Teresinha diz: “Minha Madre, o caminho que desejo trilhar é o caminho da confiança e do total abandono” (HA 12). E ao apresentar este caminho ela nos convida a sermos crianças, ou seja, como as crianças esperam tudo de seus pais e nada podem por si mesmas, assim também devemos esperar tudo do Pai do céu.

“Quanto a mim, diz Teresinha numa carta, acho a perfeição fácil de praticar, porque entendi que é só pegar Jesus pelo Coração... Veja uma criancinha que acaba de aborrecer a sua mãe, zangando-se ou desobedecendo-lhe; se ela se esconder num canto com ar amuado e gritar por medo do castigo, certamente, a mãe não lhe perdoará a falta; mas se lhe estende os seus bracinhos sorrindo e dizendo: ‘dê-me um beijo, não o farei mais’, poderá a mãe não apertá-la ao seu coração com ternura e esquecer as faltas infantis?... Todavia ela bem sabe que seu querido filho recairá na próxima ocasião, mas isso não importa, se ele a prende de novo pelo coração, jamais será castigado...” (Carta 191).

A espiritualidade da infância espiritual está inerente à vida de Santa Teresinha. Quando se pensa na santa, instintivamente se pensa no ser criança diante de Deus. E esta espiritualidade tem como característica básica sua devoção ao Menino Jesus. Esta devoção não foi apenas mais uma devoção na vida da carmelita de Lisieux, mas tem uma importância especial, pois traduz e aprofunda sua “pequena via”, onde a humildade, a pureza e a simplicidade da criança são elementos essenciais.

Brinquedinho do Menino Jesus
Ao entrar no Carmelo Santa Teresinha recebeu a incumbência de ornar com flores uma imagem do Menino Jesus e ficava feliz quando recebia flores para este fim, dizendo que era Ele, o Menino Jesus, quem pagava suas dívidas. Já doente Teresinha oferecia as uvas e o vinho ao Menino Jesus e gostava de acariciar a sua imagem. Não há dúvida que a infância de Jesus acompanhou Teresinha toda a sua vida, ainda que ela sempre a unisse à paixão do Senhor, daí o significado profundo de seu nome “do Menino Jesus e da Sagrada Face”.

Mas para mim uma das maiores provas da maturidade humano-espiritual de Teresinha foi o fato de ter-se oferecido para ser o “brinquedinho do Menino Jesus.” À primeira vista pode parecer uma atitude infantil e sem sentido, porém, se pensamos no que significa isto na prática vemos que ultrapassa em muito o infantilismo e nos lança numa verdadeira prova de fé.

Diz a Santa: “Havia algum tempo oferecera-me ao Menino Jesus para ser seu brinquedinho. Tinha-lhe dito para não me usar como brinquedo caro que as crianças só podem olhar sem ousar tocar, mas como uma bola sem valor que podia jogar no chão, dar pontapés, furar, largar num cantinho ou apertar contra seu coração conforme achasse melhor; numa palavra, queria divertir o Menino Jesus, agradar-lhe, queria entregar-me a suas manhas de criança... Ele aceitou minha oferta... Em Roma, Jesus ‘furou’ seu brinquedinho. Queria ver o que havia dentro e, depois de ver, contente com sua descoberta, deixou cair sua pequena bola e adormeceu... Que fez durante o sono e que foi feito da bola deixada de lado?... Jesus sonhou que continuava brincando com sua bola, deixando-a e retomando-a, e que, depois de deixá-la rolar muito longe, a apertou no seu coração, não permitindo mais que se afastasse de sua mãozinha... Compreendeis, querida Madre, quanto a pequena bola ficou triste ao ver-se largada... Mas eu não deixava de esperar contra toda a esperança.”(MA 64f)

Ser um brinquedo nas mãos do Menino Jesus não seria um belo convite para nos preparar para o Natal? Quantas vezes nos vemos num túnel escuro sem ver onde termina e sem uma fresta de luz, ou ainda vemos nossa vida se tornar um labirinto de problemas aparentemente sem solução, ou mesmo sentimo-nos mergulhados num mar de solidão e desânimo! Pensemos que este brinquedo está sendo “furado” para se ver o que tem dentro, está sendo aparentemente esquecido por um tempo, mas que tudo isto é sinal de que é um brinquedo amado e desejado pelo Menino Jesus. Ele joga com suas bolinhas como quer porque sabe que elas não são frágeis brinquedos de enfeite, mas possuem a força da fé suficiente para resistir e continuar sendo Dele.

Para nós hoje, o amor e devoção ao Menino Jesus não devem se basear apenas nos sentimentos. Os sentimentos são belos, necessários e nos estimulam, mas precisamos transformá-los em ações concretas. Amar o Menino Jesus é procurar em primeiro lugar imitá-lo em seu despojamento, simplicidade, confiança no Pai, em sua bondade e seu amor. Foi só por amor que Ele se encarnou e veio morar entre nós. Amá-lo é também procurar vê Sua imagem em toda pessoa pequena, pobre, sofredora, necessitada de nossa ajuda e nosso amor.

Santa Teresinha não só amava seu Menino Jesus, mas quis ser toda Dele e deixar-se brincar por Ele. Assim desejo que este Natal seja para todos nós: uma entrega total e incondicional nas mãos do Menino Jesus, traduzida em gestos concretos de fraternidade para com o próximo.
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Por que te amo, Maria?

Em maio de 1897, Santa Teresinha, num poema de rara profundidade, expunha as razões de seu amor por Maria. "Por que te amo, Maria?" era o título do mais longo poema surgido das mãos daquela jovem.

Assim como ocorreu com ela, pode acontecer que nos peguemos perguntando-nos por que amamos esta ou aquela pessoa de forma mais intensa, e não outra. O que me faz amar alguém? O que em alguém eu mais amo?

O amor a Maria sentido por Teresa de Lisieux é motivado pela simplicidade da Virgem. Imagine se fosse você a escolhida por Deus para gerar, fisicamente, o Messias esperado. Ou então imagine se você fosse escolhido para ocupar um lugar de muita importância social. Qual seria sua reação? Gabar-se-ia das honras que lhe prestariam e perderia muito tempo em se arrumar para recebê-las? Maria, ao receber a visita do anjo, chamada por ele de "a cheia de Graça", chama a si mesma de "a serva do Senhor". Não utiliza os meios de comunicação de sua época para espalhar a notícia, mas corre apressadamente pelas montanhas da Judeia para encontrar-se e servir a Isabel, sua parenta. Durante sua vida, mesmo sendo a Mãe do Senhor, teve que caminhar na fé, e não fez nada de extraordinário. O extraordinário da vida de Maria está na ordinariedade com que viveu sua maternidade.

Somente os simples, os humildes, os que não renunciam à sua condição de criaturas e tentam colocar-se como deuses, acima dos outros, têm acesso à vida de Deus, geram-no, e são por ele exaltados. É no dia a dia de nossa vida que o Reino se instala. Não deveríamos jamais esperar o milagre espetacular, mas ter olhos para enxergar o espetacular milagre da cotidianidade, o milagre escondido no andar tranquilo da nossa própria vida.

Santa Teresinha ama Maria porque ela entendeu, mais do que ninguém, que a felicidade está em ser o que se é, em descobrir as maravilhas de Deus na simplicidade da vida, à diferença de Eva, que não aceitou sua condição de ser criatura de Deus. Um escritor chamado Javier Vilafañe escreveu certa vez um conto sobre um sapo que todos os dias sonhava ser algo diferente: sonhou que era árvore, mas não gostou; sonhou que era rio, sonhou que era cavalo, que era vento, fogo, mas nenhum desses sonhos lhe trazia satisfação. O sapo estava sempre triste. Uma manhã os sapos o viram muito feliz na beira da água. “Por que estás tão contente?”, perguntaram-lhe. E o sapo respondeu: “À noite tive um sonho maravilhoso. Sonhei que era sapo.”

Ó Maria, eu te amo "porque sei bem que em Nazaré viveste pobremente, sem pedir nada de mais... Os humildes sobre esta terra podem, sem temor, elevar os olhos a ti... Jesus nos deixa a ti, quando deixa a Cruz para esperar-nos no céu."

Neste mês de maio não tenhamos receio de dizer: em Jesus, que demonstrou por nós, através de ti, o seu amor, eu te amo, Maria!
Frei César Cardoso de Resende, ocd


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Santa Teresa do Menino Jesus, Padroeira das Missões

Santa Teresa do Menino Jesus, nasceu em Alençon (França) no ano 1873. Entrou ainda muito jovem no mosteiro das Carmelitas de Lisieux e exercitou-se de modo singular na humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar especialmente nas noviças do seu mosteiro. Morreu a 30 de Setembro de 1897, oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja.
No dia 17 de Maio de 1925, foi canonizada pelo Papa Pio XI , que, dois anos mais tarde, em 1927, a proclamou padroeira das missões. Em 1997, João Paulo II proclamou-a Doutora da Igreja.
Em carta tornada pública a 1 de Outubro de 2007, o Papa Bento XVI, recordou que "Teresa de Lisieux, sem ter saído de seu Carmelo, (...) viveu, à sua maneira, um autêntico espírito missionário. Desde Pio XI até os nossos dias, os Papas não têm deixado de recordar os laços entre oração, caridade e açcão na missão da Igreja.
Santa Terezinha não só descobriu no coração da Igreja que sua vocação era o amor, mas sabia que o seu coração - e o de todos nós - foi feito para amar. Terezinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas, com a autorização do Papa e todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus, pela salvação das almas, e na intenção da Igreja. Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face esteve como criança para o pai, livre igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus, e tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou a pequena via da infância espiritual.
O mais profundo desejo do coração de Terezinha era ter sido missionária "desde a criação do mundo, até a consumação dos séculos".  A sua vida deixou-nos como proposta, selada na autobiografia "História de uma alma", e como intercessora dos missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, e fazendo o bem aos da terra. 
Pela sua entrega total ao amor Misericordioso de Deus, pela sua constante ânsia em que ardia por "salvar almas", pelos laços de fraternidade espiritual que cultivou com alguns missionários no campo de missão, ela foi escolhida como Padroeira das Missões.
No Carmelo de Lisieux, Prisioneira por amor e do Amor, desejou ardentemente percorrer o mundo inteiro para implementar a Cruz de Cristo em todo o lado. A experiência do Deus Misericórdia é o Centro de toda a sua vida e obra. Num Tempo em que se anunciava o Deus da Justiça, vindicativa, ela descobre e inflama-se do Amor Misericordioso e, no seio da Igreja Sua Mãe, ela quer ser o Amor. 

Reflexão

Foi um dia na reflexão da Parábola do Filho Pródigo, ou antes a Parábola de Deus Pai Sempre Misericordioso, que Teresa descobriu o Deus-Amor-Sempre-Misericordioso. Enquanto outras religiosas se ofereciam como vítimas à Justiça de Deus, Teresa num caminho bem diferente, fazia o oferecimento de si mesma ao Amor Misericordioso de Deus. Dizia ela "o Deus infinitamente Misericordioso que se dignou a perdoar com tanta bondade, os pecados do filho pródigo, não será também justo comigo, que estou sempre a seu lado?"
Deus, para Teresa, manifesta-se justo, manifestando a sua misericórdia e o seu perdão a quem necessita, realizando assim as suas promessas. Teresa, contra a corrente do seu tempo, intuiu, que a Justiça de Deus é Amor e Misericórdia.
Foi mergulhando na misericórdia de Deus que ela trilhou o seu caminho de Santidade: aceitando-se pequena e pobre como era, abrindo-se todos os dias à Misericórdia Infinita de Deus.
Foi na meditação da primeira carta aos Coríntios, onde Paulo descreve as várias funções sociais na Comunidade, e conclui com Hino ao Amor, que Teresa descobre e confirma, que o dom mais perfeito, não é nada sem o Amor. Ela que antes vivia inquieta por não se reconhecer em nenhum membro do Corpo de Cristo ou em nenhuma função da Igreja Particular (porque desejava ser tudo), sentiu como que encherem-se-lhe todas as medidas e anseios, percebendo que podia ser no Coração da Igreja, Sua Mãe, o Amor. Descobriu que era este Amor que fazia agir e dava vida e vigor a todos os seus membros e encerrava todas as vocações e animava também os missionários: "Compreendi que o Amor encerra todas as Vocações e que o Amor é tudo!... então, num transporte de alegria delirante, exclamei: encontrei finalmente a minha vocação, a minha vocação é o Amor! No Coração da Igreja Minha Mãe, eu serei o Amor, assim serei tudo, assim o meu sonho será realizado."
Para ela, como para Paulo, o Amor é o fundamental em tudo. Por isso ela se identifica com o Coração da Igreja, dizendo que é lá que o Amor está, no Órgão Central do Corpo de Cristo que é a Igreja e, por isso, escolheu para si, o símbolo do Coração.
A descoberta do Deus Misericordioso foi o ponto mais importante do seu Caminho Espiritual. Foi também a percepção do alcance da sua missão na Terra, vendo que tinha entre os Homens, esta grande missão de anunciar que Deus não é Castigador, mas Misericordioso. Esta confiança na Misericórdia de Deus, tomou, transformou e entreteceu toda a sua vida e tornou-se o grande motor do que fez e disse até ao fim dos seus dias. 

A Palavra torna-se acção

Santa Teresinha, Padroeira das missões, ensina-nos que há dois modos de ser missionário na Igreja, e que podem colaborar juntos ou separados: missionário por presença física nas terras de missão, os homens ou mulheres cristãos a quem Deus concedeu tal carisma, e missionário da oração e da partilha, que pela oração e pela partilha se sacrificam de modo que a graça de Deus actue na vida e na acção dos Missionários e na vida do povo que evangelizam. Estas duas formas de ser missionário na Igreja são muito necessárias e completam-se.
É na segunda forma de ser missionário, com o coração, pela oração, que Santa Teresinha será sempre exemplar para nós.
"Quando rezo pelos meus irmãos missionários, não ofereço os meus sofrimentos, digo simplesmente: Meu Deus, dai-lhe tudo o que desejo para mim". Assim Teresa intercedia pelos seus irmãos missionários e estabelecia com eles pela oração e por cartas, como que uma fraternidade e missionariedade espiritual e universal.

Da autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus

(Manuscrits autobiographiques, Lisieux 1957, 227-229) (Sec. XIX)
No coração da Igreja eu serei o amor

«Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo... Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota.
Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei me nos capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc.... que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz.
Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade.
Ao considerar o Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer me em nenhum dos membros descritos por São Paulo; melhor, queria identificar me com todos eles. A caridade ofereceu me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia actuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno.
Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes 
 Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho.»

Oração

Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ou

Deus, Nosso Pai; como Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira Universal das missões, ajudai-nos a acompanhar de coração, a Obra Missionária da Igreja, e que todos os homens possam descobrir em Cristo a plenitude de vida por que aspiram. Por N.S.J.C, vosso filho, que vive convosco na unidade do Espírito Santo – Amen.

Fonte: www.capuchinhos.org  
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